terça-feira, 29 de junho de 2010

Obama, e as águias agroenergéticas

A imprensa mundial abordou recentemente a eleição do primeiro presidente negro norte-americano como um evento de proporções humanas nunca antes vista. Barack Obama passou a encarnar o que comumente se denomina de forma infantil “o politicamente correto”.

Sem delongas, Obama representa a continuidade, talvez bem mais acirrada, do que já tinha sido abordado por Bush quanto ao cenário energético mundial, ou seja, de que a produção agroenergética norte-americana será encarada como questão de segurança nacional para os EUA:

[...] Nós somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.
Foi a resposta que levou aqueles a quem foi dito durante tanto tempo para serem cínicos e receosos e duvidarem do que somos capazes de fazer e para colocar as mãos na arca da história e vergá-la mais uma vez em direcção à esperança num dia melhor. [...] Neste país, levantamo-nos e caímos como uma nação só, como um povo. Resistamos á tentação de voltar a cair no mesmo sectarismo, mesquinhez e imaturidade que envenenou a nossa política durante tanto tempo.Relembremos que foi um homem deste Estado que pela primeira vez carregou a bandeira do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido que teve por base a autoconfiança, a liberdade individual e a unidade nacional.Esses são os valores que todos partilhamos. E apesar do Partido Democrata ter conquistado uma grande vitória esta noite, fazemo-lo com a humildade e a determinação de sarar o que nos divide e que impediu o nosso progresso. E para todos os que têm os olhos postos em nós esta noite, para além das nossas costas, dos parlamentos aos palácios, para aqueles que se juntaram à volta de rádios nos cantos mais esquecidos do mundo, as nossas histórias são diferentes mas o nosso destino é partilhado, e uma nova aurora se levanta na liderança americana. Para aqueles que querem destruir o mundo: nós vamos destruir-vos. Para os que querem paz e segurança: nós apoiamos-vos. E para aqueles que se interrogam sobre se a luz de liderança da América continua viva: esta noite provamos, mais uma vez, que a força da nossa nação não vem do nosso poder militar ou da escala da nossa riqueza, mas do enorme poder dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e esperança[...] (DISCURSO de Posse do Presidente dos EUA. Jornal De Notícias, São Paulo,21jan.2009.Disponível.em Acesso em: 16 mar, 2009, grifo do autor).
 
O discurso da vitória de Obama foi absolutamente claro quanto à duas questões centrais. A primeira delas, a de que o papel do presidente é dar aos Estados Unidos o fortalecimento da posição de potência mundial dominante. Império é império e os “filhos de César” não podem querer outra coisa que a manutenção do status quo. Nessa perspectiva uma segunda questão aparece, a de que Republicanos e Democratas podem ter suas diferenças, mas elas se completam nas grandes decisões estratégicas para a Nação. Assim, o que temos é um posicionamento claro. Haverá mudanças de planos, mas nem tanto. A reta traçada é e sempre foi a mesma, ser país dominante no mundo. E mais, com um aviso que para nós brasileiros deve ser considerado como absolutamente preocupante. É que no país dos super-homens “Para aqueles que querem destruir o mundo” um primeiro aviso : “nós vamos destruí-los” (DISCURSO de Posse do Presidente dos EUA. JornaldeNotícias,SãoPaulo,21jan.2009.Disponívelem Acesso em: 16 mar, 2009, grifo do autor).
 

Obama segue a mesma política internacional dos seus predecessores. O que é ameaçar o mundo? Para os americanos sempre foi aquilo que os atrapalha no caminho da construção permanente da grande nação americana do norte que apesar da sua “democracia, liberdade, oportunidade e esperança” tem no seu absoluto poderio militar e na força de vontade de potência do seu povo (no melhor sentido nitszchieniano) a força inigualével de buscar a todo custo seus interesses.
 
Bush era homem do petróleo. A ameaça do mundo era o Oriente Médio e a Ásia, grandes fontes de petróleo. Obama continuará a sê-lo enquanto os EUA precisarem de petróleo, mas o fim dos tempos dos vícios do petróleo anunciada por Bush se abre com Obama na era dos perigos que ameaçam o mundo. E abriu com a surpreendente vitória de um filme promocional de Al Gore (ex-candidato democrata a presidência dos EUA e grande apoiador de Obama) sobre o aquecimento global. “Uma verdade incoveniente” foi dirigido por Davis Guggenheim, e recebeu o Oscar de Melhor Documentário de 2007 tendo Al Gore como narrador, baseado nas suas palestras dadas pelo mundo afora sobre o aquecimento global. Curiosamente, mais ou menos no mesmo período, um brilhante documentário intitulado The Great Global Warming Swindle (a Grande Farsa do Aquecimento Global) produzido pelo canal 4 britânico e posto no ar em março de 2007, foi relegado ao mais absoluto desconhecimento da grande mídia. Onde essas peças se encaixam?

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